Chegamos na sexta à noite, eu, André e a nossa companhia relâmpago trolha, Tan. Escolhemos por ficar numa guest-house - que não sabíamos muito bem o que era mas, depois dos albergues, era a opção mais em conta. Quando vimos que o banheiro era comunitário fiquei muito p*ta, eu tinha lido no site que era privativo (ou achava que tinha lido). Sabe, aquela sensação de "que nojo, vou ter que tomar banho pisando naquele chão úmido de banheiro de clube". E eu nem tinha levado chinelo! Mas enfim, já estávamos lá, super cansados, e apesar de tudo a pousadinha parecia muito fofa. Nos surpreendemos. Muito. O banheiro estava sempre, mas sempre mesmo, infinitamente mais limpo que o banheiro da minha própria casa (e eu passo aspirador nele quase todo dia). Tudo bem que tinha vários, era meio que um pra cada dois ou três apartamentos, mas mesmo assim. Não tinha nem um fio de cabelo no chão. Mudei absurdamente de opinião e recomendo agora, foi uma estadia excelente, os funcionários realmente eram uma família, super gentis e atenciosos. Preparavam um mega café da manhã e davam dicas do que fazer.
Mas enfim, no mês de agosto acontece espalhado pela cidade toda o Fringe Festival, conhecido como o maior festival de artes do mundo. É um tipo de "virada cultural", que dura três semanas - com dezenas de apresentações diárias - e recebe beeeeem mais visitantes. Nesse ano seria mais de 2000 performers. Mesmo sendo meio tarde resolvemos sair e conhecer um pouquinho da cidade.
Já estava tudo meio que fechando mas achamos um lugarzinho muito pitoresco, cheio de barraquinhas e coisas para comer. Na hora eu estava chata, podre e cansada, mas lembrando agora me dá saudades, foi uma noite muito legal. Não teve nada demais, só chegamos lá, comemos e bebemos um pouco, demos uma andadinha pela cidade, mas sei lá, sabe quando você bate de primeira com um lugar e sabe que vai gostar muito?
No segundo dia começamos nosso turismo pela Royal Mile, que segundo o guia que o pessoal da pousada nos emprestou, é a rua que reúne praticamente todas as melhores atrações da cidade - e também é o centro do festival. Estava cheio de gente mas em nenhum momento virou a 25 de Março. Era super fácil de andar e não se trombava em ninguém - a não ser quando eu estava com o guarda-chuva e saia degolando as pessoas, mas isso já é outra história.
Subindo essa rua dá no Edinburgh Castle. É a atração mais famosa e marco da região, mas seguindo recomendações dos nossos super-amigos-donos-da-pousada não valia a pena ir porque era muito caro, muito cheio e não tem tanta graça lá dentro a ponto de valer todo o sufoco. Como nosso tempo era curto, pulamos essa. Mas mesmo assim ele garante vistas muito legais de várias partes da cidade.
Falando em vistas esse é outro ponto que me deixou encantada por Edinburgh. Onde quer que você vá tem paisagens fantásticas, a 10 minutos de andança uma da outra. É tudo tão antigo, tão medieval... cheio de lojinhas celtas, fadas, dragões, só isso já me conquistou de primeira (que besta isso! ahahahah).
Na hora de comer, a trolha queria provar uma legítima refeição do Reino Unido. Como não sabíamos nada da culinária escocesa - porque muito burramente fomos pra lá sem dar um Google sequer - ela pediu um Fish & Chips mesmo. Eu fui de salsicha de porco com molho de cebola caramelizada e uns vegetais, enlatados provavelmente porque não tinham gosto de nada. Estava tudo ok. Pelo menos ela experimentou um verdadeiro pub, com toda a escuridão e comida esquisita que se tem direito.
Depois do almoço a chuva começou a cair, e pesada. Não teve capa e guarda-chuva que nos poupasse de ser molhados na cara - porque além de tudo ela estava vindo na diagonal pra colaborar. Mas tudo bem, turista que é turista ignora esses pequenos contratempos da natureza e finge não estar achando uma m*rda andar de sapato e meia enxarcados e ficar suando debaixo da capa de chuva.
Fomos então conhecer outra atração muito famosa, o Palace of Hollyroodhouse, mais conhecido como residência escocesa da senhora dona Elizabeth. Muito legal, como todas as outras casinhas da rainha. Tapeçarias, quadros, móveis, tudo ainda utilizado nas cerimônias reais. O mesmo esquema de Windsor, mas com um pouquinho menos de glamour, como se você comparasse a Granja do Torto com o Palácio da Alvorada... hehehe. A parte de fora, com os jardins, paisagens e as ruínas de uma abadia, que pareciam ser o diferencial, tivemos que ver correndo - literalmente - porque a chuva estava torrencial.
Muita água na cabeça depois, voltamos para o centro do festival porque tínhamos que decidir o que assistir a noite e fazer mais um lanchinho. Entre muitas atrações, algumas gratuitas, algumas na rua - apesar do aguaceiro -, algumas muito caras. Tinha de tudo. Acabamos escolhendo uma chamada Baby wants candy, que valeu cada centavo pago. Uma evolução daquele programa de humor da MTV onde os comediantes recebem um tema e tem que improvisar uma cena, lá eles tem que improvisar um musical. E foi muiiiiiito bom. Depois fomos do 100 pro 0 e acabamos indo, pela proximidade e novamente empurrados pela chuva, num espetáculo de origami-3D-live chamado Puppetry of the Penis: 3D. Pelo que o nome já indica me pouparei de maiores explicações, mas posso resumir como uma das coisas mais bizarras e constrangedoras e dementes que já vi na minha vida. E olha que idiotice eu nunca me poupei de assistir, isso quem me conhece pode assinar em baixo (#humancentipede).
No dia seguinte, mais água na cara. Já tínhamos coberto quase todas as maiores atrações da cidade então preferimos as atividades indoor. A Escócia é, como todo mundo sabe, famosa pelo seu whisky - além da chuva. E eu abomino whisky. Mas tudo bem, novamente incorporando o espírito experimentador de todo turista fomos no The Scotch Whisky Experience. E não é que valeu cada centavo? Depois de um tour Disney-vibe num carrinho contando toda a história e processo de elaboração da bebida, você vai para uma sala onde tem uma míni-palestra sobre os diferentes tipos de single malt, blended, e aprende a diferenciar de que região da Escócia vem cada sabor de whisky. E isso que me surpreendeu mais, realmente você percebe a diferença, é inacreditável e você se pergunta como não tinha percebido isso antes. Uma dica, se você gosta de whisky, opte pelo Gold ou Platinum packages, que incluem mais opções na degustação. Se você está com alguém que prefere o pacote mais barato, como eu, não importa, fica todo mundo junto na última parte do tour.
Na última foto, tabela com cheiros que diferenciam as bebidas de cada região e o copo de degustação. Na foto de cima, Tan já muito alegre depois de dois dedos de whisky - pelo menos dessa vez a boca dela não ficou roxa...rs
Como a nossa máquina fotográfica não era a prova d'água, não conseguimos tirar fotos incríveis e numerosas na nossa viagem, mas tem uma que pra mim resume muito tudo o que esse final de semana foi. É idiota e não tem nada demais, mas tem muito sentimento (como estou poética hoje... hahaha). Eu e trolha, de pijama e cabelo úmido, sentadas no chão pra não derrubar esse frango seboso na cama, saboreando um churrasquinho grego do legítimo depois de andar uma meia hora que pareceram 3 devido ao cansaço e a chuva até nossa pousada no sábado a noite. Porque a gente perde a paciência mas não perde a vontade de comer! :-)
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Um P.S. Como todos os passeios londrinos que a minha ilustríssima e nariguda visita fez já foram postados pelo menos umas 3 vezes nesse blog, vou lhes poupar de repetir informação. Ainda mais porque ATÉ AGORA ela não me mandou as fotos! hahaha....